domingo, 18 de março de 2012

Vontade de ser calouro novamente



Quando fomos calouros, esperamos ansiosamente pelo famoso e tradicional trote de tinta. Consideramos essa forma de “recepção” um rito importante, que todo o calouro deveria passar, desde que voluntariamente e de forma que não ocorram abusos. O nosso trote foi ótimo, mas conversando depois com pessoas da turma, percebemos que ainda tinha ficado um vazio e depois vimos que esse buraco se referia a uma ação de fundo social.

Quando idealizamos fazer esse trote solidário não tínhamos muita idéia do que iríamos fazer, pois não tínhamos uma experiência anterior para nos basearmos, mas mesmo assim algumas pessoas compraram a nossa idéia e resolvemos continuar. Apesar de não saber o que fazer, tínhamos certeza que deveríamos envolver uma escola...

Missão 1: Achar uma escola que achássemos interessantes envolver nas ações do trote solidário;
Pela internet localizamos o blog do Marião, e que chamou a atenção pela atuação da escola junto aos alunos e resolvemos conhecer a escola. Chegando lá a diretora Fátima nos recebeu de uma forma tão carinhosa e se mostrou tão apaixonada pelo seu trabalho que algumas pessoas se sensibilizaram de imediato. Conhecemos também o trabalho do professor Ronald, que viu no graffite uma oportunidade de, como ele mesmo diz, trabalhar o caráter das crianças. Saímos da escola com a certeza que iríamos fazer naquela escola o nosso trote solidário.

Missão 2: Levantar fundos para pagar os gastos que teríamos;
Visto a imagem dos estudantes que normalmente é veiculada nos meios de comunicação, achamos que seria extremamente difícil convencer algumas empresas confiar e dar dinheiro a um grupo de estudantes da universidade que tinham na cabeça a realização de um trote solidário. Desejávamos revitalizar muro e quadra poliesportiva, além de dar uma lembrança a todos que participassem do trote, coisas que exigiriam um investimento razoável. Apesar disso rapidamente 4 empresas adotaram a idéia e nos garantiram um valor que seria suficiente para pagar tudo isso. O trote estava, aos poucos, virando realidade.

Missão 3: Garantir que tudo daria certo;
Creio que isso tenha sido o mais difícil e o fato que tenha gerado mais estresse. Conseguimos fazer a encomenda das camisetas apenas no prazo limite e corríamos o risco de não chegar a tempo. Pra piorar, a chuva que estava caindo somente no fim da tarde começava a cair durante o dia também, e contra a chuva não tínhamos nada o que fazer. Apesar do nosso desejo em manter a data, chegamos a cogitar a possibilidade de remarcar o trote para uma data na qual não teríamos chuva mas uma ligação mudou tudo, era a Rede Globo informando que havíamos sido aprovados na pauta de reportagens deles e eles queriam a confirmação de que, mesmo com chuva, haveria o trote. Percebemos que o evento tinha tomado uma proporção tão grande que não poderíamos voltar atrás.

Como era o primeiro trote deste tipo que estávamos planejando, no início vislumbramos que seria uma boa forma de integrar melhor ainda calouros e veteranos, aproveitando a situação para beneficiar uma parcela da população normalmente abandonada ou esquecida, o estudante da escola pública. Mas depois do dia 17, dia em que ocorreu o nosso trote, percebemos pela importância que a população e mídia deram para o evento, que este tipo de evento deve ser intensamente incentivado. Temos agora a obrigação não apenas de continuar, mas ampliar as possibilidades de ações. Se apenas uma parcela dos acadêmicos da medicina conseguiu fazer uma ação deste tamanho e chamar tanta atenção, imagina se um dia conseguíssemos promover um trote que envolvesse todos os cursos e, consequentemente, os mais de 6 mil calouros que entram na UFMG por ano.




Nós criamos uma expectativa de como seria, e para nós, superou muito tudo que imaginamos para esse dia. Foi muito legal ver os “futuros médicos” brincando com as crianças até cansar! E cansar mesmo, algumas pessoas já vieram falar que estão com o corpo dolorido, mas estão extremamente realizados. Ver a quadra depois da pintura também foi muito gratificante. E todo o carinho que a gente recebeu das crianças, nunca passei por nada igual até o momento. 

Antes e depois

Mais uma vez falamos e reafirmamos, temos muito orgulho dessa casa onde estudamos, temos orgulho de falar que somos alunos da Faculdade de Medicina da UFMG. Sintam o mesmo orgulho que nós, abracem a faculdade pois é ela que vai te formar intelectualmente, e vai te direcionar moralmente e eticamente. A UFMG é uma instituição de extrema competência e reconhecimento, mas ainda pode melhorar muito, e isso depende principalmente dos alunos. Vocês deram o primeiro passo ontem, e espero que continuem assim!

Nós que organizamos, agora é hora de colocar a matéria da faculdade em dia, pois durante as duas primeiras semanas de aula negligenciamos um pouco os estudos. Mas temos plena certeza que valeu a pena.

Esse post fica como uma despedida temporária pois temos que estudar muito, afinal, seremos médicos. Mas espero, em um futuro próximo reativar para começar a divulgar o nosso próximo trote solidário!

Colocarei algumas fotos abaixo...

Abraços a todos












































Um comentário:

  1. Ola pessoal, eu sou a monitora de esporte na E. M. Maria das Neves e tbm faço as postagens no blog da escola. Bom, n pude estar presente no trote por ter aulas aos sab na faculdade, mas quero parabenizar a todos os participantes, foi incrível o que vcs fizeram com a escola e com os nossos alunos. Muito obrigado mesmo. Bom, hj eu fiz a postagem sobre o trote, espero que gostem e quando puderem façam-nos uma visita. Abraço a todos!!!

    http://emmnpbh.blogspot.com.br/2012/03/p-margin-bottom-0.html

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